segunda-feira, 24 de junho de 2013

Junior Lima, o terceiro mosqueteiro do Dexterz


O ídolo teen que abandonou o mullet, fez moicano e vive modernizando o corte de cabelo agora está entregue ao cenário eletrônico. Ao lado de Amon Lima e Julio Torres ele forma o Dexterz, um trio residente na catarinense Green Valley, que está na lista dos melhores live act do Anuário do Mercado RMC, se apresenta em clubes e prefere deixar os tradicionais ensaios de lado. O som que vai rolar a noite inteira é definido sempre nos primeiros 15 minutos de show.   



As festas agora são para maiores de 18 anos. Essa é uma das diferenças entre o que acontecia com Junior Lima ao lado da irmã, Sandy, e na nova fase, em companhia de Amon-Rá Lima e o DJ residente da D-Edje, de São Paulo, Julio Torres. A outra é que, assim como diminuiu a projeção, em comparação com a época da dupla, os palcos são reduzidos. Aliás, agora os três ficam basicamente dentro de cabines.
O projeto Dexterz foi concebido para clubes, embora também se apresente em palcos. “A diferença de público existe, mas me incomoda menos. A maior diferença é o lugar dos shows. Passei a vida tocando em palcos enormes e agora os espaços são mais intimistas. As pessoas ficam praticamente com a cara dentro do meu instrumento. Isso me intimidou um pouco, principalmente no início”, diz.
O que ele quer é mostrar versatilidade e, por isso, aposta em instrumentos hi-tech para caracterizar ainda mais o projeto. “Usamos controles de Nintendo Wii (Wiimote), alguns iPads e iPod Touch para controlar e disparar sons. O efeito é incrível”, garante.
No trio também não existe canto. O som é eletrônico e divide espaço com o erudito. Uma mistura improvável, mas que ganha forma com a participação de Amon no violino. Junior fica na bateria, o instrumento que melhor toca e que começou a experimentar ainda aos três anos de idade, ao ganhar de presente dos pais, a segunda geração de músicos da família.
Para que a percussão seja possível, cabe a Julio Torres retirar a marcação mais pesada e dar espaço para o improviso de Junior. “O nosso som é de pista, é pra dançar. Ainda há quem pare de curtir e fique olhando, mas a gente quer que o público se divirta e vai, ao longo do caminho, encontrando elementos que tirem a atenção de cima de nós. O clima é pulsante, de luz piscando”, revela o DJ.


“Tenho um lado forte que é de produtor. Ele me faz pensar mais no arranjo das músicas. Criar em cima de algo que já existe é uma diversão muito boa e me dá uma liberdade maior.”Junior Lima, músico.

Sem a presença do terceiro mosqueteiro, Julio e Amon já se apresentavam havia oito anos. O som era mais melódico e foi transformado em abstrato, com deixa para entrada de elementos percussivos como o congo.
“O Amon já tinha apanhado no início, até pegar a linguagem. Quando eu entrei ele sabia o que funcionava e me deu uma prévia. Foi por isso que não demorei a entender qual o meu papel”, conta Junior, que foi assistido em outros departamentos pelo DJ, que até hoje é responsável pela parte de pesquisa.
“Trabalho no ramo há 20 anos. Antigamente era mais complicado oferecer ao público uma ideia nova. A gente conhecia um som, encomendava o disco e ele demorava muito a chegar. Hoje a coisa é instantânea e permite pirar, mudar tudo pouco antes de começar a apresentação. Agora mesmo eu recebi uma música e vou soltar pra que o pessoal se surpreenda e improvise”, conta Julio, pouco antes de um show, negando que já tenha acontecido alguma saia justa com os outros dois. “Eles também estão preparados. Fazem outro tipo de pesquisa, de timbres e efeitos que serão usados”, completa.

Para o súbito, referências jazzísticas

“Trago referências da cultura do jazz, que mexe muito com o improviso. Sempre ouvi muito, apesar de minha formação ser de música clássica. A eletrônica é mais quadrada e fácil de criar sobreposição”, comenta Amon, virtuoso violinista, arranjador e integrante da Família Lima.
Além dos estudos, durante as viagens os três gastam tempo caçando vinis. Junior começou uma coleção há pouco e faz planos de lançar um EP em vinil para os fãs do novo grupo. “Ainda não senti a falta do disco físico, de lançar um álbum. A gente pensa em fazer um do Dexterz, mas, por enquanto, vamos lançando algumas faixas como singles. A galera responde e a gente avalia se está no caminho certo.”
O primeiro single do Dexterz a ser disponibilizado na internet foi a música “Children”. Sozinha ela colocou o trio na Cool Awards 2010 e ajudou na conquista do prêmio hors concours, na categoria de destaque do ano. Um bom recomeço para o jovem que ao lado da irmã já vendeu mais de 17 milhões de discos.

Fotos: Giovana Hackradt
*Matéria publicada na revista LivingFor. Texto e fotos contém direitos autorais.

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