Quem são os estilistas que estão
apostando na nova forma de misturar masculino e feminino? Sacamos alguns nomes
gringos e marcas brasileiras que estão muito além das calças para elas, saias
para eles e do que convencionou-se chamar de androginia na moda. Agora é a vez do militarismo
para as mulheres e do animal print tomar conta da pele dos homens
antenados.
Até a cena underground cansou do preto básico. E foi com essa deixa
que os animais mais exuberantes saltaram e tomaram conta da pele dos humanos
que fazem da noite o cenário perfeito para lançar moda, nas mais altas rodas.
Um dos principais nomes desse circuito em Milão é o argentino Marcelo
Burlon, que largou o frio da Patagônia para ser produtor de grandes marcas na
Itália, tendo as portas abertas por Domenico Dolce e Ricardo Tisci, da
Givenchy. Atuando também como DJ, fez festas e colaborou com grifes como
Alexander McQueen, Chanel, Versace e Jil Sander.
Não abandonou, porém, sua inclinação para badalar e é criador da
consagrada festa “Pink is punk”, com o estilo mais requintado e selvagem das
ruas. Foi com base nessa experiência honesta de amor pela música e pela
diversão que saíram alguns hits de sua coleção.
Burlon chegou à Itália no final dos anos 1990 e foi trabalhar como
hostess em casas noturnas. Diz que viu os clubes envelhecerem enquanto ele e
outros tantos serviam de seletores de porta. Era exigido um mix de moda e
dinheiro dos frequentadores, o que terminou por envenenar o sistema cultural. E
ele, com maestria, resolveu realizar um trabalho “sujo”, colocando dentro da
roda pessoas realmente interessantes, que gritavam sua juventude.
Marcelo Burlon tem sempre
35 anos, cabelos pretos e barba cheia, olhos igualmente escuros e com brilho,
nariz romano com piercing. É assumidamente gay e ama estampas de leopardo da
Givenchy: sóbrias e sensuais.
Lee Sedman assina a direção de arte da novata Sons of heroes, que com
apenas cinco coleções já ganhou muita gente de calibre que gosta e trabalha com
música, como Rihanna e Justin Bieber, 2 Chainz e Wiz Khalifa.
Como o trabalho de Burlon, esse estilo contemporâneo de moda masculina explora o desejo selvagem e rebelde. A última coleção é
tingida com a apresentação visual de David Bowie e seu alter ego, inventado na
ebulição polícita de 1980: Ziggy Stardust.
Apesar das justaposições e da aparição de coletes e elementos mais
soft, o estilo grunge mostra um animal difícil de ser domando. Leões, tigres,
gorilas surgem digitalmente impressos em couro e malharia fina. A estampa
zebrada obedece ao estilo tradicional ou pode aparecer encharcada de corante
cor de rosa, num tom ácido de olhar e que garante fidelidade ao estilo punk da
marca.
Marcas como a PRPS e a
Leather Crown também mergulharam no universo instintivo e indomável para
produzir peças marcantes, com spyke e mandíbulas ferozes.
Mulheres
em marcha
Na principal passarela da moda brasileira, o São Paulo Fashion Week, a
Ellus pisou firme no melhor estilo militar. Não abriu mão do camuflado –
especialmente visto nessa estação em camisas e jaquetas –, mas inseriu outras
importantes influências antes tidas como unicamente masculinas. Outro ponto
importante: ousou colocar isso de maneira extremamente feminina, abusando do
fetichismo.
Couro e vinil foram vistos em formas ora ajustadas ora quadradas. E
foram combinados com um elemento extremamente poderoso no jogo da sedução: o salto alto. Na verdade,
no inverno, eles são altíssimos. E pedem amarrações firmes no tornozelo.
Aos seus pés
Um das apostas de Alexander McQueen – como de resto diversos outros
grandes nomes do cenário mundial – é a volta das ankleboots, mais uma vez para
provar que as passadas, como os gestos, exigem firmeza e atitude. Mas há
contrapontos.
A japonesa Kenzo se associou a californiana Vans para projetar um
animal print mesclado com a forte tendência do militarismo. Leon e Carol Lim,
diretores da Kenzo, se inspiraram em animais encontrados nas florestas asiáticas,
como o leopardo-nebuloso, e deram a sua pele uma espécie de camuflagem, em
diferentes tons. Outras mistura de sucesso.
*Matéria publicada na revista LivingFor.
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