Quando chove, a natureza dos bichos é se proteger. Outro dia, enquanto chovia, um imbuá descia pelo pano da cortina da minha sala. Seu preto destacava do tecido alvo. Movimentando aquelas dezenas de pernas, parecia estar apressado.
Por causa da chuva, as portas e janelas estavam fechadas. Ademais moro no décimo quinto andar e nem imagino como ele possa ter chegado até aqui. Mesmo sabendo que, quando chove é instintivo, os bichos precisam e quase sempre conseguem se proteger.
A chuva talvez tivesse destruído sua morada, que poderia ter sido construída habilidosamente em um vaso de planta generoso que tenho na varanda do apartamento. Sim, porque a chuva também faz estragos na terra. Cava buracos e transforma em poças de lama todas as casas de minhoca.
Talvez tivesse procurando ajuda de um ser semelhante que por ventura poderia viver em outro vasinho posto nessa minha selva cheia de paredes. Força de outro imbuá, que pudesse resgatar, quem sabe, seus familiares. O alagamento e a vida justificariam a pressa.
Senti-me pequeno demais para interferir no destino daquele imbuá, que fosse para colocá-lo no chão. Acho que ele caminhava nesse sentido. Um pouco afastado, torci por ele. Pra mim, chega a ter cheiro de poesia ser vizinho de uma família de imbuás.
Também na natureza a gente torce com ares de curiosidade. Fiquei olhando até que ele sumiu por detrás do sofá com jeito de montanha. E, na minha imaginação ele conseguiu encontrar animais solidários e salvou seus filhos e companheira.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
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2 comentários:
Lindo texto. E compartilho com você esse sentimento de solidariedade, em dias de chuva, com os outros seres.
Um beijo, S.
eu tava láaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
glaucia
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