Foi pra me encabular. Numa sexta-feira disse que era a vez que aceitaria com honras meu pedido de afastamento. Ainda que não entendera qual o novo ou mesmo motivo. E levasse até a segunda para se reprogramar.
Choro baixinho. Três rapazes tocavam a uma distância de três mesas, seis pessoas e doze ouvidos atentos àquela conversa. Alvoroço dentro do estômago. Quase como se fizesse a empada de camarão voltar pelo gargalo.
Dois travestis passavam pela rua chamando menos atenção. Sacudidelas nervosas de cabeça. Nós éramos o centro. Entornava a quarta cerveja quando lhe vi terminar o primeiro e derradeiro café.
Em caso de um desastre seria encontrada na minha caixa-preta uma informação que nunca reneguei. Momentos assim pedem que nas veias corra algo mais espalhado. Traga mais um trago, disse. Nem sempre a ficha precisa cair em um local público. O luto vivo dentro de casa, onde ninguém me alcance.
Vi. Digressões sem nenhum ar de espontaneidade. Era bom de fugir. Assunto recorrente e vão. Em pouco tempo as palavras perderiam força, tiraria o telefone, num impulso faria a proposta e acordaria enrolado em nada, roçando e mordendo tuas costas.
Nossa dinâmica foi gasta por incertezas, conversas que levavam no máximo a uma semana de desejos separados. Vocabulário gasto. Paciência gasta. Amor que desgasta o corpo e deixa meus pensamentos colados num travesseiro morno até o meio-dia seguinte.
Peleja assim é a tal palavra que rima com dor, acreditam os poetas. E como a dor, termina. Só que o tempo é impreciso. Deixa ao longe a informação do preço que se paga no final, momento mais sofrível.
Tenho pelo menos o direito de numa próxima pedir antes um orçamento?
Não?
Feche a conta, por favor!
terça-feira, 9 de junho de 2009
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2 comentários:
Demorou a atualizar, mas voltou com um texto do fundo do pâncreas!
Belas palavras, trocadilho de bar, coração e alma!
Ah, se os orçamentos fossem fornecidos! Se, em um primeiro plano poderia ser bom, perceba que estaríamos ocupados demais para viver um possível grande amor, analisando propostas em cima da mesa!
Abraços e boa semana!
É, acho que eu precisava mesmo ler estas palavras tão assertivas. Ver materializado na escrita um sentimento real. Parece que se toca...que se é palpável cada letra deste embate entre o desejo de ir e a vontade de ficar...O orçamento pode vir distorcido, como os que os arquitetos elaboram na execução de seus projetos...Haveria projeto??? E a conta, será que quando fechada, ter-se-ía como pagá.la??? Divagações apenas de quem quer saber se a conta já foi fechada ou ainda se tem alguns pratos para se lavar...
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