Parece que falta opção. Folga no meio da semana e tem gente que se perde, achando que não há nada pra fazer. Rotina louca essa que cega as pessoas. Enfim. Digo isso porque ouvi um relato de algumas horas de ócio que foram aproveitadas numa barraca à beira mar. Um amigo meu que disse.
Era segunda-feira. Uma família, pelos traços e sotaque, provavelmente de fora, curtia a praia. Um casal na melhor idade, duas filhas adultas cada uma com uma criança. Ou seja, três gerações. Uma das mulheres tinha tatuado o nome da filha nas costas. Alicia era como se chamava.
A garota e o priminho tinham um espaço delimitado por uma linha imaginária que corria paralela a uma cadeira reclinada. Mas pela tábua de marés aquela era hora do mar encher outra vez. E as ondas por vezes passavam daquele ponto, derrubavam e carregavam as crianças por meio metro.
Quando acontecia, a mãe de Alicia imediatamente gritava: venha já para o banquinho! Era um banco alto que estava colocado entre a cadeira de sol dela e a da irmã. A pequena ficava ali por cerca de dois minutos até que era liberada outra vez para continuar a farra da areia. Em alguns momentos o mesmo aconteceu com o menino. Um pouco menos. Quiçá porque ele fosse mais durinho. Parecia ter uns seis anos. Um ou dois a mais que ela.
Na imaginação dos outros, sendo tão metódicas, parecia que aquelas mulheres participaram de alguma das cinco temporadas do programa da Super Nanny ou eram jogadoras de handball e aplicavam a punição dos dois minutos nos filhos – a que durante a partida o jogador cumpre no banco por ter feito uma falta desnecessária ou por causa de uma substituição incorreta.
Do lado de fora, sem ter visto a cena, fico imaginando que há coisa pior do que não saber aproveitar quando a semana pode começar na terça-feira. É ter intransigência no educar. Filhos aprendem a ficar quietos e crescem. Talvez terminem tendo a fleuma elegante da inércia e só descubram o sexo após os 30. Pais cruéis!
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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