O modo é informal e a gente sempre começa um papo mais ou menos assim. Eu vivo me escondendo no MSN – essa revelação pode inclusive me render alguma encrenca, mas fiz comigo mesmo o juramento de não mentir ao menos aqui no blog. O Luis já sabe disso. A gente se conheceu na net mesmo, visitando o endereço um do outro. Eu escrevo bobagens e ele é letrado e fala sobre cultura. Mas mesmo com tantas diferenças a gente se entende.
Nunca me identifiquei muito com relacionamentos através de meios modernos de comunicação eletrônica. Até já escrevi isso há uns quatro anos, quando descobri que havia 100 dias que uma amiga que mora perto de mim, em Natal, namorava um cara que vivia em Goiânia e ela nunca tinha visto pessoalmente.
Era um transtorno encontrar e tentar estabelecer um diálogo com minha amiga. O celular dela não parava de tocar. Um som chato que significava mais um SMS chegando – e saindo logo em seguida, evidentemente. Mas não bastasse isso, os namorados jantavam juntos, em frente ao computador. Dividiam o mesmo rótulo do vinho e marca do yogurt de sobremesa. O cardápio invariavelmente era uma sopa instantânea de cenoura com erva doce. Eles acrescentavam azeite, limão e pimenta do reino. Foi assim até que os envelopes começaram a sumir das prateleiras do supermercado.
Ela, que teve usurpado o direito de permanecer em regime, tratou de resolver isso. Mandou um e-mail pro serviço de atendimento ao consumidor do fabricante da sopa. E recebeu em casa um cesta com vários outros sabores e a sugestão de que experimentassem as novidades. Aquele, infelizmente, tinha saído de linha.
Tive de ouvir muitas histórias desses dois. Por um bom tempo, inclusive. Quando acabou eu nem fiquei ciente do motivo, mas pelo que me consta eles nem chegaram a se encontrar. Difícil nisso tudo é dizer que não deu certo. O sorriso que ela sempre carregava era sinal de felicidade. E qualquer um conseguia ver. Eu nunca pequei por recriminar aquela relação, mesmo me causando certa estranheza.
Meu delay era de alguns anos. Há pouco comecei a entender melhor que as pessoas buscam conhecer outras pela rede mundial de computadores. Talvez sejam tímidas pra uma primeira conversa ao vivo. Talvez tenham preguiça de sair de casa sem saber se o cara tem algum cacuete como piscar os olhos repetidas vezes – isso me aflige um pouco.
Ainda não consigo ser vanguardista e achar normal alguém se produzir inteiro para ficar em frente a uma máquina com uma micro-câmera ligada, tentando seduzir outro. Mas não vou me apressar e dizer que nunca copiarei.
Eu ando fazendo amigos pela internet. E acho isso bacana. Claro que os laços só se estreitam quando a gente conhece, aperta a mão, abraça, quando existe tato, enfim. Dia desses, numa viagem, fui bater na cidade onde mora o Luis. Nós nunca tínhamos olhado no olho. Só comentávamos um no blog do outro e havia compartilhamento de outros textos e gostos.
Até que a gente se viu. E só se viu um dia. Mas que durou o dia inteiro. E agora parece que as afinidades aumentaram. Aliás, preciso dizer uma coisa em off, baixinho. Luis, vc tá aí?
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
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2 comentários:
Claro que estou! Seu blog é um dos meus favoritos e você não fala bobagens coisa alguma. Pelo contrário, você é um cronista excelente. Já venho falando isso faz tempo. A internet é cheia de surpresas mesmo, mas, no nosso caso, ela só acrescentou coisas boas, porque, apesar da distância geográfica (a única coisa divergente nessa amizade que se tornou real, depois do nosso café e tuor por Sampa), nos entendemos muito bem. E também faço aqui a minha mea culpa: saí do msn hoje sem me dispersar, mas é porque estava escrevendo o post do blog sobre o Paulo von Poser e esqueci completamente. Desculpa, vai. Tá, não precisa fazer essa cara de choro, passa lá no meu blog e pega uma daquelas rosas pra você rs. Crico, te adoro! Abração!
Fussando no orkut do meu amigo, vi o amigo dele que era seu amigo... E pude conhecer esse blog bacana. Gostei do texto "VC ESTÁ ON?". Entedi que está em NATAL/RN.
Bem, estou em Brasília. E tenho uma amiga de trabalho que sempre que pode vai para Natal.
Não é fantástico a aproximação que a interner proporciona?
Parabéns pelo trabalho.
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